quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Simulacro Proibido

Blindado pelos amores de ontem
Sou anagenésico à inspiração de hoje
Vivo preso neste simulacro de dores
E nelas sinto todo o goelar do meu coração!

Esta bisseção não foi gerada convenientemente
Logo perdi para sempre os fragmentos da minha mente!
Agora vivo a fundear no mais obscuro da minha alma
Pelos dias que o teu fugente ser nunca mais irá recordar...

Paulo Ramos
26-12-08

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Ao Amor e Ao Seu Fim!

"Now they're going to bed
And my stomach is sick
And it's all in my head
But she's touching his-chest
Now, he takes off her dress
Now, letting me go"

Só desejo que as paredes que me rodeiam esmaguem o meu pensamento! Parte-te alma, parte-te... antes que eu sinta o meu medo real, antes que o real seja real demais!
- Podes foder-te, meu caro, mais as tuas utopias de merda! São elas que te afundam! São elas que fazem de ti o fraco que és! Alimenta-as e vais alimentar a tua perdição!
Como pode ela dizer que o coração é meu se o corpo já passou pelo universo comigo aqui parado? Parte-me a alma maldito Deus! Mais vale não existires para todo este lixo que vive na minha mente ser atirado para o esquecimento comigo e com todos os meus antigos sonhos! Nunca desejei tanto esse pequeno esconderijo como hoje... esquecimento... esquecimento!
Quem mandou a humanidade misturar sexo com sentimentos? Quem nos obriga a ser tão parvos? Alguém pode responder-me?! Sou o imbecil do momento, condecorado com uma lucidez grande demais para a minha posição! Matem-me...
Como pode uma única mulher destruir o meu universo assim? É só uma mulher... foi só um amor... é apenas e só a maior dor que trago dentro de mim e a minha maior fraqueza... ela era o meu futuro...
- Não te quero amar mais... não quero...
Brindemos! Ao amor e ao seu fim!

Paulo Ramos
24-12-08

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Absinto!

- Boa noite. O que vai desejar monsieur?
- Certamente é, meu caro. Imploro-lhe um copo de fada verde! Só ele afastará os demónios da minha alma e todas as tragédias grotescas desta realidade! Por favor, trazei-me esse meu destilado opiáceo.
- Então deseja absinto... em homenagem a algum amor perdido?
- A todos aqueles que o tempo levou e a todos aqueles que levaram um pouco de mim com eles! Dizem que o álcool faz milagres em feridas. Vamos ver se consegue tirar a esta toda a sua infecção. A esta noite e a todos os copos que levantarei em honra de todas aquelas musas e sereias que me enfeitiçam de perdição! A todas elas, muita poesia e pouco sexo!
- Não será mais ao contrário, meu caro?
- Nunca! Ser platónico é viver para a escrita e sonhar com o físico sem perder a alma nele! É sonhar com anjos sem nunca ter aprendido a perdê-los! É o que dá fúria à juventude e todo o ímpeto à evolução. Deixo o sexo aos crentes... a mim só me resta a sombra da escrita e os tijolos do tempo...
- Mas é tão novo ainda...
- Se pensa isso de mim, então brindemos a isso! Talvez tenha algum motivo para festejar! Venha outra fada verde e outra e ainda outra! Talvez morra jovem e eterno numa orgia carnal demais para ser associada a qualquer tipo de sentimentos! Talvez morra como um deus, longe da minha dor... brindemos garçon! Brindemos...
- A uma vida melhor!
- E a uma morte em grande!

Paulo Ramos
22.12.08

sábado, 20 de dezembro de 2008

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Reino de Cães

Dissipa-te na vida meu grande amor! Nunca serás mais que história, que uma leve tragédia neste espectáculo de loucos! Sempre foste a minha pequena ilusão, o meu pequeno esconderijo exilado e a minha eternidade mais sagrada! Neste reino de cães costumavamos viver afastados das ideias que o tempo nos tentava trespassar... no final estou eu noutra dimensão e tu a desaparecer... como tantas outras o fizeram... não deixes que isso aconteça! Não deixes que o tempo nos parta!

Paulo Ramos
11.12.08

domingo, 7 de dezembro de 2008

Noções sem Noção

Este texto foi escrito há quase dois anos por mim no blog "Utopia Própria" que eu partilhava com o meu grande amigo Manuel Guedes. Estive a relê-lo e, no meu inconsciente, deduzi ser justo pô-lo aqui.

Noções Sem Noção

A pessoa que escreveu isto está embriagada e apaixonada...

Aqui tudo passa, mas a memória teima em parar tudo! Vi-te ontem e já não tenho a certeza se te vi realmente. Todos os meus sonhos estavam nos teus olhos e eu tenho medo que aos meus olhos tu sejas apenas o meu maior sonho. Este texto é feito de repetições desnecessárias, tal como a minha vida era antes de te conhecer, mas agora, sabendo que não posso ler tudo o que me dizes mais que uma vez as saudades apertam... e tu onde estás?
Já não tenho a certeza se te tenho ou se me perco na ilusão de te ter. Cresci muito aqui em Coimbra... até demais! Para mim o mundo já foi um atalho... porque fui eu agora pelo caminho mais complicado? Deduzo que não seja preciso mais álcool para o saber... a razão deve estar em ti.
Pois razão... eu tenho mil razões de ser e cada uma delas tem mil seres de razões! Sou um objecto organicamente vivo e psicologicamente caótico... mas isso não me impede de saber que gosto de ti. E o tempo passa... e tu ficas...
Era tudo tão complexo... agora estou aqui simplesmente a perder a conta dos copos que bebo... que complexidade é que isto terá? Se não te perco agora perco-te mais tarde... é inevitável! Não percebo porque quero insistir nesta loucura pandórica... mas persisto como se valesse a pena.

"Só mais um copo por favor..."

O empregado já me pos na rua... já devo estar a beber demais... isto devia preocupar-me? Neste momento não o faz! Há várias formas de suicídio... eu escolhi a minha... uma mistura de álcool e paixão e uma visão que nunca poderei alcançar mais.

" Tenho de me conseguir levantar..."

Não quero que me vejas... nem eu mesmo me quero ver agora! As ruas parecem ter a noite pousada nelas... já estou a beber demasiado... estou? Não interessa também. Quer eu me deite sóbrio, quer eu me deite embriagado amanhã não acordo ao teu lado! Estou a desesperar... porque sei o que sinto por ti... e as saudades de ontem apertam hoje e vão apertar amanhã... é justo? Não há justiça no que sentimos...

A pessoa embriagada e apaixonada sou eu...

sábado, 6 de dezembro de 2008

Ouroboros

Hoje serei o teu alquimista, meu eterno ouroboros! Serás feito de todas as magias que o mundo pode pronunciar e eu verei em ti o fim da minha vida e o renascer desta mesma neste exacto momento!
Meu eterno retorno, porque tens sempre que acabar? És a minha perpétua estagnação num estado mental fechado numa eterna evolução de actos! Tu passas e voltas, mas a volta não sendo a mesma já também tu não estarás a ser a mesma! Serás sempre quem nunca chegaste a parar para ser!

Ao meu eterno ouroboros... o amor! Ensinaste-me que a vida é feita de imensas eternidades até morrermos!

Paulo Ramos
06.12.08

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Cadeiras




Um vácuo só é gerado quando é criado um espaço para ele. Com a saudade acontece exactamente o mesmo. Ninguém é dono de si a partir do momento em que vive com os outros. É uma condição social que dá mais sabor à nossa vida, mas que nos mata de forma tão impiedosa como injusta.
Este é o nosso pacto com o diabo, a nossa doença mais imortal, a nossa morte mais banal! Por isso não se esqueçam: se um dia formos completados por alguém é porque nunca mais voltaremos a ser completos na vida!

O jogo da cadeira parece-me mais real que nunca... o pior é que serei o último a sair...