sábado, 26 de dezembro de 2009

Ao Pré-Som das Badaladas

Estou a envelhecer com o fim de ano. Uma curta existência de um tempo de longas memórias constrói contrastes entre duas gotas que estão a cair para o copo da vida: um lado vive o degradar de um ser que nunca mais serei e outro de uma queda que eu próprio criei. Esplendorosa gravidade, em tudo me fazes cair! Barba por fazer, cabelo fora do cosmos e coração na Lua- sou um pouco de sofrimento no pouco que me resta viver do que intemporalmente vivi. Todas estas etapas são, para mim, dançantes mortes que se aproximam de cheiros imaginários e de amores feridos. O meu recanto de emoções desfigurado por emoções, a minha serenata cantada à chuva pelos meios sentidos de uma casa sem telhas.
Tive vários vícios gémeos e apenas uma alma gémea. Nem sei bem em qual das escolhas me perdi mais, mas, de qualquer forma, é tudo uma arte profana que nunca me poderá libertar.

Neste momento apetece-me uma Erdinger!

O rock que tanto ouço parece ser cada vez mais uma versão cantada das minhas aventuras. Deve surgir da necessidade de me identificar com algo... e com pessoas só me destrói. Fico a caminhar moribundo por entre sítios que muitos pensam poder voar... no amor não se voa! Apenas alucinamos com espaços aproveitados por acreditarmos que alguém compreende o muito pouco que somos... pensamos que alguém nos entende a nós que nem nós próprios conseguimos entender!

Uma Erdinger calhava mesmo bem agora!
Ao invés de viver a vida estou fechado em casa a pensar nela. Triste espantalho... já te estavas a esquecer que o teu peito é feito de trapos...

Mesmo os meus trapos já não são os mesmos...


Paulo Nogueira Ramos
26/12/09

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Brinde aos Parvos e Poetas

Estavamos nós indignados com o culto à falta de culto da sociedade. Vimos um filme mais antigo( mas não assim tanto) sobre um "bad boy" e as suas insanidades rebeldes perante uma vontade anarquista de ser feliz, enquanto nos entregavamos ao prazer de puxar vários cigarros do bolso na busca de acalmar a dor de vício. Entretanto ele encontrou um amor que o prendeu ao amor social através do amor pessoal, revela-se uma boa pessoa quando, na verdade, nunca foi má por querer viver! Nisto vai demasiado fumo para os pulmões e passamos a contemplar os nossos copos de vinho iluminados pelo reflexo da luz do televisor. Estavamos isolados do mundo, logo podiamos criticá-lo de mente aberta, até regressarmos um pouco mais ponderados à nossa vida anormalmente normal. Eu queria ser aquele rapaz e perder todos os meus sonhos por causa de um desejo fixo, pelo menos durante uma hora, alienando-me da crueldade de se ver pelo menos cinco amostras de sonho por ano tornarem-se utopia.
Estava contigo numa bela filosofia de vida, enquanto, ao estilo bon vivant, brindavamos à nossa própria perda de tempo, falando de assuntos que nem sequer conseguiriamos perceber totalmente. Tu podias ser mais que a minha boa conversa, mais que um diálogo ultrapassado de filosofias raras... mais que uma ideia, mais que uma amizade passageira...
Este vinho põe-me dormente da alma! Começo a ver amores em cada gota de expressividade de um rosto que não consigo definir...
A vida é feita de oportunidades perdidas? Um brinde a isso e a tudo o que perdeste ao ler o que eu pensei numa situação que nunca aconteceu...

Paulo Nogueira Ramos
23/12/09

Vendavais Platónicos ou Carnais

Na delicada perfeição que ela trazia, o seu perfume espalhou-se pelo ar. Caí em mil inocências, enquanto o espírito dela voava pelo inverso do mundo!
"Sopro,sussuro ou suspiro?"
Espírito do vento que te tornaste, não és presa pela gravidade que me afecta o coração...
... "e serás sempre livre enquanto eu te sentir com esses mil sonhos na mão!"
Sou pequeno perto dos movimento do teu corpo e, mesmo sem reparar em toda a beleza que ele tem, mesmo desligado das imagens que aquecem o meu sangue, sinto a tua presença por entre a insistência da tua alma na minha escrita!

Guarda-me na tua viagem apenas mais um segundo...

Paulo Nogueira Ramos
23/12/09

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Inesperado

E ela mergulhou no céu que a rodeava, enquanto via a luz a ecoar impactos em todo o tamanho do infinito. Era tão célere cada momento que todos se juntavam num único e curto tempo.
Era inesperado, daí os meus estímulos. Ela dissipava-se em todos os meus nervos, como os próprios relâmpagos que ela prometeu ir visitar no topo de um mundo. são segredos estranhos esses que eu estou a vivenciar. Nada comum, digo eu, para um dia tão discreto.

"But you hey..."

Já voltou a chuva para me recordar, ao deslizar pela janela que, decididamente, estou fechado no meu quarto. Um mundo fora de um mundo e um dia fora de tudo o que o mundo tem para dar! Repetições e repetições! Hoje só nas palavras... que o resto será vida!

21/12/09
Paulo Nogueira Ramos

domingo, 6 de dezembro de 2009

Névoa do Nunca

Volta névoa cinzenta! Os meus dias sem perceber as alegrias e tristezas já passaram há muito... volta, volta, volta! Já sou feito de trapos usados logo, que mal tem eu usar-me de ti para me enganar a mim mesmo?
- Não será só comigo que perderás a alma! Uma morte às prestações queima mais... sê estóico e entrega-te à tua queda!
Tenho medo da nossa gravidade e vejo o mundo a parar... mas és tanto para todos os meus segundos que criaste um boicote de sonhos para marcar presença na tua ausência.
- És feito de tudo o que vais perder quando a porta se fechar...
Névoa dissipada, tens que ponderar viver na organização. Tudo tem o sabor a sangue nos meus pensamentos. São tantos os purgatórios que gero na minha mente. Não te esqueças que és feita de todos os futuros possíveis e imaginários... e eu, ao teu lado, sou um simples mortal.
- Escreverás muitos números nas paredes, serás um falhado recompensado! Viverás para esquecer e, talvez um dia esqueças que vives para morrer...
Viver num pedaço de medo não parece ser fácil... se pelo menos vivessemos os dois.
- E tu pensas que já morreste para mim há muito...

"I'm a satellite heart lost in the dark..."


Paulo Nogueira Ramos
07-12-2009

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

My Loveless Romance

Those strange ideas are climbing my own soul and modifying my feelings. I just can't write to you the way I want, so limited by your dreams of another near distance wish. You're my short story poison, hushing symphonies of ten lost muses and my heart is so tired that he painted its own sorrow between our silence and our end.

This wine avoids my mind to remember every possible positive way that we should have against the world...
"Drink and drink drunk drunker guy! Maybe one day you could fall asleep from all your love and fly higher than the majority of the romance sharper's nights!"
I should never say to my dancer that I like the way she spread her wings across the universe... now, because of that mistake, I can't see the sun across her moonless body...

Just a coin and a kiss for the dead man's passage, please... the way to your heart was closed beating lover...

" Sleep, sleep poor boy... you're a fool and a foolish tool..."

My eyes can't count the stars...


Paulo Nogueira Ramos
04-12-09

domingo, 23 de agosto de 2009

Diários Perdidos

Minha dissipada fantasia nocturna, perdi-me no fumo do teu corpo. Tudo o que ardeu não foi além de uma chegada no momento da despedida. Não fomos feitos para existir no meio de insanidades. Ninguém nos encontrou enquanto bonecos de farrapos, mergulhados em tatuagens platónicas. Fomos apenas histórias durante tempo demais. E eu sabia que a vida se cansaria de nos ler e, aí, deixariamos de ser dignos de nós mesmos... o casal perdido na orla do universo. Deixa-me a tua marca e esquece-me por favor. Eu saberei como sofrer pelos dois... pelo nosso inocente amor. Nunca me voltes a ler, porque parte de mim é o teu diário.


Paulo Nogueira Ramos
23-08-09

domingo, 9 de agosto de 2009

Coração...

"while this town is busy sleeping
all the noise has died away
i walk the streets to stop my weeping
‘cause she'll never change her ways"

Ela levantou-se perante a sombria luminosidade daquelas ruas por onde o tempo já passou demais. É tempo de não a ter, pois estes amores são feitos de malas e de lágrimas! Quanto muito beija-se uma lágrima numa saudação que não pode abrir uma ferida maior... quase como se nos tivessemos conhecido uns minutos antes, quase como se nunca tivessemos sido amantes...

"don't fool yourself
she was heartache from the moment that you met her
my heart is frozen still
as i try to find the will to forget her somehow
oh i think i've forgotten her now"

As horas passam mas ela já não vive ao meu lado. A cidade tornou-se a minha caixa de Pandora pessoal, presa a todos os males que o mundo tem. Como estou lá dentro só aquela mulher me pode tirar de lá, mas assim seria a causa da sua dor... é melhor esquecer que fui feliz... assim nunca serei infeliz na minha ignorância estratégica.

"her love is a rose pale and dying
dropping her petals and men unknown
all full of wine the world before her
was sober with no place to go"

Morri no álcool que ela entornou na minha alma! Só mais um brinde! Brindemos à destruição das pequenas palavras que eu pensei ouvir a ecoar para sempre ou pelo menos até perder a noção do nunca. A única que ficou foi a saudade...

"don't fool yourself
she was heartache from the moment that you met her
my heart is frozen still
cause i try to find the will to forget her somehow
she's somewhere out there now"

Ouço a música a chorar... o pranto que a letra demonstra torna-a a minha única alma gémea...

"oh my tears are falling down as i try to forget
her love was a joke from the day that we met
all of the words all of the men
all of my pain when i think back to when
remember her hair as it shone in the sun
the smell of the bed when i knew what she'd done
tell yourself over and over you wont ever need her again"

Não preciso de sangrar mais para saber que sinto... a mente mente e eu fico sóbrio, mas perdido... é o mesmo que embriagado mas sem uma alienação tão divertida. Não tenho razões para fazer o que eu quero... o que se segue da minha vida, não és tu que vais seguir! Passaste-me ao lado em todo o teu esplendor e em toda a minha dor...

"But don't fool yourself
she was heartache from the moment that you met her
oh my heart is frozen still
as i try to find the will to forget her somehow
she's out there somewhere now"

Já me doi escrever... estou a sangrar a alma para cima de um papel efémero e insignificante...

"oh
she was heartache from the day that i first met her
my heart is frozen still
as i try to find the will to forget you somehow
cause i know you're somewhere out there right now"

Talvez o tempo me afaste de ti de mais algumas formas... não pode ficar só por aqui a distância que me dás, senão vou ver-te todos os dias nos meus sonhos...


Paulo Nogueira Ramos ( inspirado na música "Forget Her" do Jeff Buckley)
09-08-09

sábado, 8 de agosto de 2009

Anti-Soulmate Syndrome

Who is that girl playing piano with my heart? She made my paradise more than wine and cigarettes! Nothing more than a new sun on my soul, melting the castles of sadness with some ideas and a look! Over this madness she was dressed like a dreamer, proud of her sins, kissing some bullets to kill my oblivion! I will never forget her... this godless room is eternal! Across my memories her body made scars on my mind... "You'll never be mine, my endless waste of time!"
She is over there for all my chaos and love... but she is not my soulmate... should I try?
"Give me your best shot dear dream! Our love will die one day, but untill that moment we can live together!"

Paulo Nogueira Ramos
08-08-09

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Órbitas

She is drinking from my mind all my helpless waste of time...

É exigente o peso que pedes que a atmosfera tenha para estarmos juntos. Eu não sou feito das tuas loucuras, mas tu tentas complementar as minhas. Não sei como vou dominar esta ternura anti-gravítica que me afasta do resto do mundo se tu, minha doce órbita sem sentido, te afastas de mim a cada segundo que passa. Venenos frágeis que nos partem o coração... são as cicatrizes que confundimos nas noites intensas com tatuagens, mas que depois se revelam na nossa maior dor.
Alimenta a estrada que me levará até ti e eu, num pequeno desejo de grandes loucuras, seguirei as pistas deixadas pela luz do teu corpo num perfume que usaste para me por a alma dormente.
Pedaço de nada... já dei tudo por ti...


Paulo Nogueira Ramos
31-07-09

sábado, 6 de junho de 2009

É nesta vida que o fumo dum cigarro parte os vidros de uma noite melancólica. Sinto-me preso por entre as palavras selvagens que tornam os meus movimentos entre os teus vultos meros instintos enforcados pelos fios do universo. Somos fantoches que ninguém pode controlar, mas feitos de madeira todos os combustíveis do mundo nos podem fazer perecer.
Nós fazemos do mundo cacos e cortamo-nos em tudo o que ele tem para perder... se este já não é completo por nossa causa... também nunca o seremos dentro dele...

Paulo Nogueira Ramos
o6/06/09

domingo, 29 de março de 2009

Um brinde a quem sonha! É dessa forma que se partem as leis do engano!

Paulo Nogueira Ramos
30-03-09

sábado, 28 de março de 2009

Partido em Mil Pessoas

Não sou o que devia ser, mas o que os outros fazem de mim. Logo divido todas as minhas culpas por todos vocês sem me esquecer que tudo o que eu sou de bom também foram todos vocês que me deram... nisto não há diferença entre inimigos e amigos... mesmo assim o meu hábito é feito das vossas sombras e a minha memória é feita dos vossos actos...
Estou preso a vocês, logo partam-me os pratos do corpo, pois já se alimentaram o suficiente da minha alma... sou o vazio que deixaram pela saudade e o repleto que nunca deixarei de ser por vossa causa... somos todos uma mera doença e graças a ela somos eternos...

Paulo Nogueira Ramos
28-03-09

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Escultores de Mundos

Este recipiente que guarda a minha vida esconde-se debaixo do fim do mundo! Conservado e esquecido por entre memórias e lógicas almofadadas onde só eu consegui acordar, vejo-o decompor-se pela eternidade dentro como se da efemeridade se tratasse. Mas não o é! Eu vejo isso em todas as minhas ideias parciais e patologias metafísicas! É este pequeno recipiente que arruina e constrói as minhas entranhas sem nunca me dar ouvidos - ouroboros hoje, ouroboros nunca.
Livre-arbítrio dizem eles... mentiras do destino para não nos vermos como seres despertados, limitados aos sentimentos. Estou preso aos pequenos beijos que me deram, aos abraços que perdi e aos impulsos que muitos já mataram... e no meio deles vou-me perdendo enquanto me vou ganhando.
É isto que faz com que não me reconheças amanhã... ou se já me conheceste ontem: que não me reconheças hoje! É a esse limite do infinito que devo tantas lágrimas e sorrisos... e se tiver que desaparecer outra vez, que o seja! Mas foi ele que me salvou a vida enquanto me ia matando.

Somos escultores de mundos enquanto temos o nosso mundo a ser esculpido por mortais!

Paulo Ramos
22.01.09