domingo, 31 de agosto de 2008

Carvão

Se ela soubesse que todos os trapos que ela vê agora foram outrora tecidos preciosos que revestiam os nossos sonhos e que todas as nuvens que ela vê são lágrimas que deixei partir para os céus, local que nunca poderia alcançar - algo em comum com ela. Se eu soubesse funcionar com ela e não comigo talvez fosse perfeito, mas ambos somos criaturas mais metafísicas que humanas... ambos acreditamos que a pedra filosofal reside apenas num de nós.
Esta mulher de carvão que eu desenhei tão depressa é chama intensa como se torna cinzas dissipadas no tempo. Só no meu coração se mantem a força... o resto foi levado pelo vento da mudança.

Paulo Ramos
31.08.08

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Sintra











Nos enigmas sentimentais de Sintra: uma viagem que as máscaras do tempo guardaram.

Paulo Ramos
29.08.08

Manel Cruz - Nunca Parto Inteiramente





Ouçam por favor.

29.08.08

Egocêntrismo

Na sua loucura viu o mundo a afundar-se em seu redor e só ele ficou no meio de um nada infinito e eterno. Pior que o nosso fim é o fim de tudo o que nos rodeia. Uma existência num limbo nunca será mais que uma existência desperdiçada. Por isso é que precisamos sempre de alguém para dar sentido à nossa vida, ao nosso ego. Ser egocêntrico é puramente natural - quem disser o contrário ainda será mais egocêntrico que todos os outros. Sermos auto-centrados faz com que tenhamos a noção da nossa existência, tendo em conta que a existência dos outros nos vai despertar também ( para o bem e para o mal) de um buraco negro avassalador do nosso ego. Os outros são as agulhas que evitam a implosão da bolha que nós somos, causando sucessivas explosões nela. Cada vez que uma dessas explosões acontece, nós abrimos as portas do nosso mundo e misturamo-nos com o mundo dos outros.
Por isso qualquer egocêntrico precisa de uma alma gémea para alimentar o seu "eu" quer de uma forma contemplativa e atributiva ( através de elogios), quer de uma forma activa e complementar ( através de acções benevolentes que nos provoquem uma sensação de realização pessoal)... e quem disser o contrário apenas está a ser tão egocêntrico que ainda não deu conta que não vivemos uns sem os outros.

Somos todos indivíduos no meio de um mar devastador sem nada para nos ajudar. Para não nos afundarmos temos que saber nadar por nós mesmos... mas saber que há alguém ao nosso lado pronto a salvar-nos quando nos faltarem as forças é sempre bom.

Peço imensa desculpa por qualquer ideia labirintica que possam encontrar. Caso existam dúvidas, estou aberto a perguntas. Obrigado.


Paulo Ramos
29.08.08

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Asas

Sangue do meu sangue nunca o poderás ser
E tudo o que eu sempre quis que fosses nesta vida
Fecha-se num sonho que nunca poderá acontecer
Desde que toda esta doença se soube declarar perdida...

Então porque insistes em alimentar o tempo que falta
Para romper todas as crenças que o fim desta história finalizou
Se todos os meus sonhos vivem eternamente na torre mais alta
E o tempo avança e salta estúpido desde que o meu ego se afundou?

Perco-me nestes pântanos próprios da loucura humana
E percebo que esta é a minha casa, o meu abrigo, as minhas asas
Na dormência exigida a um paraíso de faculdade profana
Ou de um inferno preso a amores que mutilam quando o corpo não sente quem ama...

Estas asas pesam-me na consciência agora que preciso de viver
Incenerado longe da minha antiga crença e agora que o céu me fez chover...
O mundo via em ti apenas mais uma pessoa em tantas outras que se contam
Eu via nessa pessoa um mundo com um olhar onde universos se esgotam...

Mas todas as asas perdem a força perante a mortalidade...


Paulo Ramos
28.08.08

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Membros do Purgatório

Brindemos aos fios sociais que nos manipulam neste espectáculo do grotesco... seremos eternamente escravos esquecidos e idiotas à espera de subir socialmente para servos inteligentes. Brindemos como se o álcool que entornamos na mesa não fosse assim tão sagrado para a nossa alienação! Somos alienados e somos... que mal faz a nossa fétida alma navegar inconsciente neste purgatório esquecido pelo universo? Putrefactos! Somos uma mancha tão efémera que nenhum dos nossos sonhos se mantem na eternidade... e dependemos dos outros para ser recordados: dos outros que também vão ser esquecidos... dos outros alienados... dos outros idiotas que são controlados pelos seus medos e instintos, qual animal com intenção de ser racional. Não passa disso meus caros: intenção!

Paulo Ramos
15.08.08

domingo, 10 de agosto de 2008

Imortalidade

Tudo o que eu possa usar no mundo para cotejar à minha vida serve apenas de mero esboço mal desenhado de uma paisagem realista e intransmissível. Tenho a certeza que a uniformização de destinos ainda não é assim tão forte para os nossos caminhos não serem únicos, logo também hão-de perceber o que eu escrevi agora. Esta balança descontrolada, longe de ser uma relíquia de outro mundo, acaba por dar interesse à vida. Se analisarmos bem - e como tantas vezes em formato mais cliché se diz - é o mal que dá sabor ao bem! No entanto eu sou tão ambicioso que nem reparo no sabor que o benéfico ( numa análise autocentrado - maldita selecção natural!) me pode suscitar.
O problema defunto da carne... a imortalidade é tão ridícula e nós somos tão ridículos por pensar nela e tão rídiculos por viver sem pensar nela... acabamos por ser sempre ridículos... animais como os outros todos... só que com ideias de deuses. Doentes racionais e tristes passageiros... mais uma viagem entre alfa e ómega... o tempo é a nossa dinâmica agora... e um dia será a nossa morte.
Até lá que venham mil venenos e mais alguns dilúvios! Até lá eu não hei-de morrer... por isso até morrer serei imortal!

Paulo Ramos
11.08.08

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Satisfação: a prova de que a perfeição é subjectiva.

Paulo Ramos
04.08.08

sábado, 2 de agosto de 2008

Questões e Ilusões

Reduzidos! Tristes pereceres que nos confinam a toda a entidade da morte! Somos reduzidos numa vida que não podemos controlar... não podemos dissecar tudo em nós, logo porque acreditamos que podemos mudar o destino? Loucos! Nem sequer acreditamos no que dizemos! Sabemos que o erro vai ser sempre o mesmo, vezes e vezes sem conta e... acreditamos que nunca mais vamos acreditar outra vez que podemos transformar o mundo. O meu? O teu? O mundo de quem? De todos e de ninguém... todos o mudamos um pouco, mas ninguém controla essas mudanças... elas acontecem se tiverem que acontecer e não acontecem se assim tiver que ser...
Não pensar na vida é a solução certa... pensem noutras coisas com respostas mais óbvias às vossas questões!

Decomposição da alma com fortalecimento da mente... ler livros põe-me assim.

Paulo Ramos
02.08.08