sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Monstro

Dizem que o teu olhar guardou o Sol. É insensato pensar que é verdade, eu sei! No entanto, quando me observas, eu sinto que queimas a minha alma com todos os teus fotões perdidos e, de uma forma ou de outra, cegas-me a visão mais justa que eu possa ter. Já sangrei muito pelos teus medos... nunca deixaste de derramar o meu sangue com lágrimas tuas. Por tua causa já não sou humano... obrigaste-me a ser deus... tornei-me um monstro...


Paulo Ramos
24.10.08

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Ao Mar e ao Sol

O tempo é feito de pequenos traços de distâncias e atracções. Não faz muito sentido ficarmos fechados e parados num mundo sem sabermos como ele funciona. A estática é estranha demais para um mortal a controlar. Tudo em nós é cinética... no mais profundo dos nossos silêncios. E é nesse pequeno e alegórico universo que queremos chegar longe. Acreditamos que só assim poderemos ficar parados no tempo, recordados para todo o sempre sem sermos alvos do esquecimento que nos assombra.
Bem, isto também já deixa de ser humano. A sociedade de hoje em dia preocupa-se mais em ser afectada pela gravidade e, numa loucura imprópria para vivos, obliteram a ambição.
Há algumas pequenas aves que ainda sabem voar no meio deste mar de sal... e que acreditam que ainda vão ver terra antes que a força nas asas acabe. É delas que é feito o verdadeiro mundo. Os outros são só objectos cinéticos com uma mente estática e morta à nascença.
Ao Mar e ao Sol: estas asas que nós temos são fruto de muitos voos e de muitas quedas. Podemos cair um dia, mas iremos erguer-nos outra vez. Um dia seremos nós o mar e o Sol.

Paulo Ramos
01-10-08