sábado, 6 de junho de 2009

É nesta vida que o fumo dum cigarro parte os vidros de uma noite melancólica. Sinto-me preso por entre as palavras selvagens que tornam os meus movimentos entre os teus vultos meros instintos enforcados pelos fios do universo. Somos fantoches que ninguém pode controlar, mas feitos de madeira todos os combustíveis do mundo nos podem fazer perecer.
Nós fazemos do mundo cacos e cortamo-nos em tudo o que ele tem para perder... se este já não é completo por nossa causa... também nunca o seremos dentro dele...

Paulo Nogueira Ramos
o6/06/09

domingo, 29 de março de 2009

Um brinde a quem sonha! É dessa forma que se partem as leis do engano!

Paulo Nogueira Ramos
30-03-09

sábado, 28 de março de 2009

Partido em Mil Pessoas

Não sou o que devia ser, mas o que os outros fazem de mim. Logo divido todas as minhas culpas por todos vocês sem me esquecer que tudo o que eu sou de bom também foram todos vocês que me deram... nisto não há diferença entre inimigos e amigos... mesmo assim o meu hábito é feito das vossas sombras e a minha memória é feita dos vossos actos...
Estou preso a vocês, logo partam-me os pratos do corpo, pois já se alimentaram o suficiente da minha alma... sou o vazio que deixaram pela saudade e o repleto que nunca deixarei de ser por vossa causa... somos todos uma mera doença e graças a ela somos eternos...

Paulo Nogueira Ramos
28-03-09

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Escultores de Mundos

Este recipiente que guarda a minha vida esconde-se debaixo do fim do mundo! Conservado e esquecido por entre memórias e lógicas almofadadas onde só eu consegui acordar, vejo-o decompor-se pela eternidade dentro como se da efemeridade se tratasse. Mas não o é! Eu vejo isso em todas as minhas ideias parciais e patologias metafísicas! É este pequeno recipiente que arruina e constrói as minhas entranhas sem nunca me dar ouvidos - ouroboros hoje, ouroboros nunca.
Livre-arbítrio dizem eles... mentiras do destino para não nos vermos como seres despertados, limitados aos sentimentos. Estou preso aos pequenos beijos que me deram, aos abraços que perdi e aos impulsos que muitos já mataram... e no meio deles vou-me perdendo enquanto me vou ganhando.
É isto que faz com que não me reconheças amanhã... ou se já me conheceste ontem: que não me reconheças hoje! É a esse limite do infinito que devo tantas lágrimas e sorrisos... e se tiver que desaparecer outra vez, que o seja! Mas foi ele que me salvou a vida enquanto me ia matando.

Somos escultores de mundos enquanto temos o nosso mundo a ser esculpido por mortais!

Paulo Ramos
22.01.09

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Simulacro Proibido

Blindado pelos amores de ontem
Sou anagenésico à inspiração de hoje
Vivo preso neste simulacro de dores
E nelas sinto todo o goelar do meu coração!

Esta bisseção não foi gerada convenientemente
Logo perdi para sempre os fragmentos da minha mente!
Agora vivo a fundear no mais obscuro da minha alma
Pelos dias que o teu fugente ser nunca mais irá recordar...

Paulo Ramos
26-12-08

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Ao Amor e Ao Seu Fim!

"Now they're going to bed
And my stomach is sick
And it's all in my head
But she's touching his-chest
Now, he takes off her dress
Now, letting me go"

Só desejo que as paredes que me rodeiam esmaguem o meu pensamento! Parte-te alma, parte-te... antes que eu sinta o meu medo real, antes que o real seja real demais!
- Podes foder-te, meu caro, mais as tuas utopias de merda! São elas que te afundam! São elas que fazem de ti o fraco que és! Alimenta-as e vais alimentar a tua perdição!
Como pode ela dizer que o coração é meu se o corpo já passou pelo universo comigo aqui parado? Parte-me a alma maldito Deus! Mais vale não existires para todo este lixo que vive na minha mente ser atirado para o esquecimento comigo e com todos os meus antigos sonhos! Nunca desejei tanto esse pequeno esconderijo como hoje... esquecimento... esquecimento!
Quem mandou a humanidade misturar sexo com sentimentos? Quem nos obriga a ser tão parvos? Alguém pode responder-me?! Sou o imbecil do momento, condecorado com uma lucidez grande demais para a minha posição! Matem-me...
Como pode uma única mulher destruir o meu universo assim? É só uma mulher... foi só um amor... é apenas e só a maior dor que trago dentro de mim e a minha maior fraqueza... ela era o meu futuro...
- Não te quero amar mais... não quero...
Brindemos! Ao amor e ao seu fim!

Paulo Ramos
24-12-08

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Absinto!

- Boa noite. O que vai desejar monsieur?
- Certamente é, meu caro. Imploro-lhe um copo de fada verde! Só ele afastará os demónios da minha alma e todas as tragédias grotescas desta realidade! Por favor, trazei-me esse meu destilado opiáceo.
- Então deseja absinto... em homenagem a algum amor perdido?
- A todos aqueles que o tempo levou e a todos aqueles que levaram um pouco de mim com eles! Dizem que o álcool faz milagres em feridas. Vamos ver se consegue tirar a esta toda a sua infecção. A esta noite e a todos os copos que levantarei em honra de todas aquelas musas e sereias que me enfeitiçam de perdição! A todas elas, muita poesia e pouco sexo!
- Não será mais ao contrário, meu caro?
- Nunca! Ser platónico é viver para a escrita e sonhar com o físico sem perder a alma nele! É sonhar com anjos sem nunca ter aprendido a perdê-los! É o que dá fúria à juventude e todo o ímpeto à evolução. Deixo o sexo aos crentes... a mim só me resta a sombra da escrita e os tijolos do tempo...
- Mas é tão novo ainda...
- Se pensa isso de mim, então brindemos a isso! Talvez tenha algum motivo para festejar! Venha outra fada verde e outra e ainda outra! Talvez morra jovem e eterno numa orgia carnal demais para ser associada a qualquer tipo de sentimentos! Talvez morra como um deus, longe da minha dor... brindemos garçon! Brindemos...
- A uma vida melhor!
- E a uma morte em grande!

Paulo Ramos
22.12.08