quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Asas

Sangue do meu sangue nunca o poderás ser
E tudo o que eu sempre quis que fosses nesta vida
Fecha-se num sonho que nunca poderá acontecer
Desde que toda esta doença se soube declarar perdida...

Então porque insistes em alimentar o tempo que falta
Para romper todas as crenças que o fim desta história finalizou
Se todos os meus sonhos vivem eternamente na torre mais alta
E o tempo avança e salta estúpido desde que o meu ego se afundou?

Perco-me nestes pântanos próprios da loucura humana
E percebo que esta é a minha casa, o meu abrigo, as minhas asas
Na dormência exigida a um paraíso de faculdade profana
Ou de um inferno preso a amores que mutilam quando o corpo não sente quem ama...

Estas asas pesam-me na consciência agora que preciso de viver
Incenerado longe da minha antiga crença e agora que o céu me fez chover...
O mundo via em ti apenas mais uma pessoa em tantas outras que se contam
Eu via nessa pessoa um mundo com um olhar onde universos se esgotam...

Mas todas as asas perdem a força perante a mortalidade...


Paulo Ramos
28.08.08